Museu e Educação




No texto Museu e educação: conceitos e métodos, publicado na revista Ciências e Letras, da FAP, a professora Maria Célia T. Moura Santos apresenta suas reflexões sobre a relação entre educação e o processo museológico. Assinala que suas considerações partem da origem latina do termo processo, compreendendo a educação como “processo de formação da competência humana, com qualidade formal e política, encontrando no conhecimento inovador a alavanca principal da intervenção ética” (DEMO, 1996, p.1. in SANTOS, p.2002, p 308).

Para a autora, Museologia e a Educação devem compreendidas como ação social e cultural. “A contemporaneidade não comporta mais modelos de desenvolvimento tecnológico e científico dissociados dos referenciais culturais de um povo” (p.308). Ressalta, também, que para construir conhecimento, as relações entre ensino formal e o não formal devem ser estreitas, respeitando as experiências e criatividades dos muitos sujeitos sociais.

O conhecimento é criado entre pessoas que dialogam. Para Santos, a análise da educação é um “processo que deve ter como referencial o patrimônio cultural”. Esclarece, ainda, que a “escola é uma instituição que faz parte do patrimônio cultural e, ao mesmo tempo, é alimentada por diversos patrimônios culturais, representados pelo conhecimento produzido e acumulado ao longo dos anos, resultado da herança cultural construída pelos sujeitos sociais ao longo da vida (...)”. (p.309).

Tradição é elemento da educação e esta é “o suporte essencial que lhe dá sentido, fornecendo a base necessária para a construção e reconstrução do conhecimento” (p.310). Santos ressalta que “repensar a tradição e reconstruí-la é missão primordial da escola; o legado cultural deve ser a base, o referencial básico para a apresentação de novos problemas e de novas abordagens, o que só poderá ser conseguido por meio da pesquisa, considerada como princípio educativo” (p.311).

Ao discorrer sobre pesquisa como princípio educativo, a autora defende que esse é “o caminho a ser percorrido, no sentido de estabelecer uma relação efetiva entre educação e cultura, visando à apropriação e à criação de novos patrimônios culturais” (p.311).

Segundo a autora, a compreensão de que a educação se apoia na construção e reconstrução do patrimônio cultural propõe estabelecer aproximação entre o processo educativo e museológico, observando as especificidades de cada um. Diz a autora que “assim como na educação, o patrimônio cultural é o referencial básico para o desenvolvimento das ações museológicas” (p.311). E “como ação que transforma, que é resultado da ação e da reflexão dos sujeitos sociais, em determinado contexto, passível de ser repensado, modificado e adaptado em interação, contribuindo para a construção e reconstrução do mundo” (p.314) justifica associar o termo processo às ações de musealização, “compreendido como uma sequencia de estados de um sistema que transforma, por meio de questionamentos reconstrutivo e que, ao transformar-se, transforma o sujeito e o mundo” (p.314).




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