O texto Educação em Museu: sedução, riscos e ilusões, de
Ulpiano T. Bezerra de Meneses, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas da USP/SP, traz reflexões sobre políticas educacionais
praticadas em museus no final do século passado. Conforme o autor, não há
pretensão “em fazer nenhum balanço de situação dos museus brasileiros no
tocante a seu papel educacional” (p.93). Deixa claro que sua proposição é
limitada “às premissas de que dependem todas as práticas, porque elas é que,
entre nós, costumam ser colocadas à sombra” (93), no tocante ao trabalho
educacional em museus.
O professor Ulpiano assevera que a educação nos museus é
percebida não só no campo estratégico, mas como a justificativa para a sua
própria existência. Chama a atenção, no entanto, para não transformar a
educação como tábua de salvação. Mas qual seria o conceito de educação em
museus a ser praticado?
Suas considerações são a partir do que ele denomina “pontos
cardeais”
Formação crítica – parâmetros do conhecimento –
especificidade na cultura material e subordinação das técnicas a esses pontos
cardeais. (p.101)
As reflexões partem da necessidade de olhar, com cuidado,
as questões envolvendo identidade e
memória para promover formação da educação crítica; que o museu deve “incluir
em suas responsabilidades a de permitir a consciência dos processos e
mecanismos de identidade e memória” (p.94). E continua suas considerações
acerca da relação educação com função
crítica nos museus dizendo que identidade e história não podem ser
objetivos de um museu “ mas objetos seus de tratamento crítico” - até mesmo para fundamentar uma ação
educacional legítima e socialmente fecunda” (p.94). Para ele, o museu deve
produzir conhecimento “seria
indispensável que o museu se reconhecesse como um lugar, por excelência, mais
de perguntas do que de respostas” (p.96). O conhecimento a que se refere o
professor Ulpiano é aquele que “parte da descontinuidade, da ruptura, do
estranhamento(...) tudo se transforma em alvo de indagações” (p.97).
Ao explanar sobre suas concepções sobre educação pelo
objeto, o autor diz que a sociedade precisa de lugares onde a consciência de
que somos seres corporais, dependentes da materialidade do mundo possa se
realizar e que o museu é um desses lugares. Defende que, mesmo não sendo
exclusivo “é um dos mais adequados para tanto, quer se trate de compreender o
que os objetos naturais, artefatos de vária natureza, estruturas complexas ou
esculturas, instalações e imagens visuais têm a dizer para estender o espaço de
compreensão da condição humana” (p. 98). Destaca que sem essa especificidade o museu
será meramente um centro cultural.
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